sábado, 3 de maio de 2014

E a mulher foi aos pés do Pai


E a mulher foi aos pés do pai...
Na corrida de seus desencantos havia esquecido que o véu estava rompido pelas pisaduras de Jesus.
Hoje ela precisava Dele. A dor que estava sentindo ultrapassava até o esquecimento.
Permanecia calada, quieta, curvada. Por causa de seus pecados nem a mão ousava estender para pelo menos tocar em suas orlas. E ela visualizou o Pai, o Filho, o sopro do Espírito Santo, e ouviu o cântico dos anjos. Continuou calada. Eles estavam em reunião celeste, não podiam ser interrompidos. Ela não ousava interromper. As lágrimas sim,interrompiam, rompiam, queimavam as faces. A mulher não queria ser vista, nesse momento só queria ouvi-los, senti-los, vê-los no trabalho exaustivo a favor dos oprimidos. Sufocou o primeiro soluço. A garganta doeu. O estômago foi esmagado pelo seu gemido. A carne pecadora sofreu.
Não ousou nem por um milionésimo de segundo chamar-lhes a atenção sobre sua dor. Ela não merecia, sabia, e sabia que Eles sabiam e entendia que estavam na sala da justiça e que se Eles a vissem a condenação seria real; e os anjos cantavam, e o vento Espiritual rodopiava, e tudo ali movimentava e nesse temporal de levezas enxergou no rosto de Jesus uma lágrima... A voz do Pai se fez trovão!
A mulher foi arrastada para fora, mas e a lágrima? Aquela na face de Jesus? Era Ele chorando pela humanidade, ou foi a dela que Ele recolheu?
Saiu da antecâmara ainda com muita dor, porém na alma o calor da certeza: 
- Jesus me ama e amanhã talvez, quem sabe...